"" Contos De Fada: junho 2017

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Cachos dourado e os três ursinhos

Historinha da cachos dourado e os três ursinhos


ERA UMA VEZ 


Uma família de ursos que vivia na floresta. Todos os domingos, o papá Urso, a mamã Ursa e o filho Ursinho, vestidos com as suas roupas mais bonitas, costumavam dar um passeio pelo bosque, antes da hora de almoço. A mamã Ursa, antes de sair, deixava já na mesa três taças de leite, para que assim que chegassem, pudessem logo sentar-se à mesa e comer. Passado pouco tempo da família de Ursos ter saído de casa, uma menina loira, chamada Cachos Dourados, perdeu-se na floresta, e foi ter perto da casa dos três ursos. Como era muito curiosa e tinha fome, entrou na casa sem bater à porta. Lá dentro, não viu ninguém e, ao aproximar-se da mesa, viu as três taças de leite, que provou. Na taça grande, o leite estava muito quente, na média estava muito frio e na taça pequena, como o leite estava morno, ela bebeu-o. Depois, viu três cadeiras e, como estava cansada, experimentou-as. A primeira cadeira era muito grande e ela não se conseguia sentar; a segunda cadeira era muito larga e ela escorregava; a terceira era tão pequenina e frágil que, quando ela se sentou partiu-se!
Mesmo assim, Cachos Dourados não se incomodou, e subiu as escadas, encontrando dois lindos quartos. No primeiro, que era rosa, tinha duas camas, uma grande e uma média. No segundo, que era azul, tinha uma cama pequena. Experimentou a cama grande mas era muito dura. A seguir, experimentou a média mas achou-a muito mole. No quarto azul, deitou-se na cama pequena e achou-a tão confortável que adormeceu.
Entretanto, os três Ursos chegavam a casa do seu passeio. Ao aproximarem-se da porta, ficaram surpreendidos, pois esta se encontrava aberta. Quando entraram, viram a sala toda desarrumada, e o Ursinho gritou: “Alguém bebeu do meu leite e partiu a minha cadeira!”. E o papá perguntou: “Quem armou esta confusão?”. Então, os três ursos subiram as escadas, e entraram no primeiro quarto. A mamã Ursa exclamou: “Alguém esteve deitado nas nossas camas!”. E logo a mamã e o papá Urso ouviram o Ursinho gritar, do outro quarto: “Papá, Mamã, venham rápido, pois está uma menina a dormir na minha cama!”.

Assim que o papá Urso e a mamã Ursa entraram no quarto, e com toda a confusão que se estava a passar, Cachos Dourados acordou, sobressaltada e, ao ver os três ursos, correu em direção à janela. O Papá Urso, para evitar que Cachos Dourados caísse, correu atrás dela e conseguiu segurá-la pelo vestido. Depois de conseguirem acalmar Cachos Dourados e explicar-lhe que aquela era a casa dos Ursos, ela e o Ursinho ficaram amigos e, Cachos Dourados prometeu nunca mais mexer nas coisas das outras pessoas sem autorização, nem voltar a afastar-se dos seus pais.



segunda-feira, 12 de junho de 2017

canto do rouxinol

A linda história do canto do Rouxinol.


A arte da contação de historias na educação infantil é uma atividade pouco valorizada nos dias de hoje. Mas é uma atividade que ajude no desenvolvimento da criança de uma forma impressionante.

Vamos ver agora a história do canto do roxinho e espero que você goste.





Um dia, há muito, muito tempo, chegou ao bosque um rouxinol. Pousou num ramo, construiu o seu ninho e começou a viver naquele lugar maravilhoso, cheio de árvores ricas em saborosas bagas e deliciosos insetos.

Uma certa tarde, pelo crepúsculo, o rouxinol começou a cantar. A sua voz, líquida e pura, elevou-se no ar, harmoniosa e doce. Os animaizinhos que viviam no bosque pararam, encantados por aquela música vibrante, e começaram a pôr o rouxinol nas nuvens, definindo-o como um grande, enorme artista. Era espantoso que um pássaro tão pequeno demonstrasse um talento tão grande. No entanto, os outros pássaros não estavam lá muito contentes com o êxito do rouxinol. A gralha, cheia de raiva, voava de tronco em tronco dizendo a todos os que encontrava:

“O rouxinol, um artista? Mas, estão todos doidos? O seu canto é fraco e desafinado, parece música de asnos, e não celestial!!! Quem gostar, é porque não está bom da cabeça!”

Não é muito difícil convencer alguém de algo que lhe agrada, pelo que todos os pássaros, humilhados pela habilidade do rouxinol, deram razão à gralha e começaram a denegrir o cantor. Fizeram dele alvo das piadas mais cruéis, e contavam a todos os que encontravam que tinha chegado ao bosque um pássaro com a voz igual ao zurrar de um asno.

O rouxinol não tinha como se defender: o afeto e a admiração que lhe dedicavam todos os outros animais não eram suficientes para apagar o comportamento injusto dos pássaros. Por isso, na esperança de aplacar a sua tristeza, não voltou a cantar.

A história do passarito que tinha voz de burro chegou, inclusive, aos ouvidos da águia real, que vivia no alto de uma montanha e que reinava sobre todos os pássaros do bosque.

“Como é possível que no reino dos pássaros exista algum que cante mal?”, perguntava a si mesma a sábia rainha, ao ouvir esta história. E quis ir ao fundo da questão. Convocou todas as aves do bosque e, quando estavam todos reunidos, mandou chamar o pequeno rouxinol.

“Canta para mim”, disse, com amabilidade, “gostaria de ser eu a julgar o teu valor”.

Entre os presentes fez-se um silêncio embaraçado. O rouxinol olhou para a águia, depois encheu-se de coragem e cantou. As primeiras notas pairaram no ar, graciosas e ligeiras, e depois o canto ganhou força e foi subindo, muito alto e muito límpido, rico de emoções e cheio de uma maravilhosa harmonia.

A águia escutava atenta, desfrutando a música e, ao mesmo tempo, refletindo sobre o que se estava a passar. Quando o rouxinol terminou de cantar, disse-lhe:

“És fantástico e a tua voz é sublime. É evidente que foste vítima de uma terrível calúnia.”

Procurou, com o olhar, a gralha, que tinha sido a primeira a criticar o rouxinol, e convidou-a a cantar. O pobre pássaro abriu o bico e deixou sair uma voz desagradável e desafinada, que, ela sim, lembrava mesmo o zurrar de um asno. A águia, com uma expressão perigosamente séria, exclamou:

“Estou contente por saber que no nosso reino não circulam mentiras caluniosas, apenas a verdade! Existe, entre nós, um pássaro que realmente tem a voz muito parecida com a do burro. E és tu, gralha, esse pássaro! Convido-te, portanto, de modo a não expores o nosso reino ao ridículo, a calares-te para sempre. E quanto a ti, rouxinol, peço-te que cantes sempre que quiseres, melhor ainda se for ao anoitecer. A tua voz maravilhosa fará com que reine a paz e a serenidade entre todos os habitantes do bosque.”

Depois, a justa rainha abriu as asas e voou para o céu, na direção dos altos cumes da montanha onde ficava o seu refúgio secreto.




sábado, 3 de junho de 2017

Alice no País das maravilhas

Historinha Alice no País das maravilhas






ERA UMA VEZ;


Estava Alice no jardim a ouvir uma história que a sua irmã mais velha lhe contava quando, de repente, viu passar um coelho branco muito bem vestido e de luvas brancas!


Alice correu logo atrás dele mas rapidamente o coelho desapareceu pelo chão. Alice seguiu-o apressadamente e descobriu um buraco fundo junto a uma árvore onde o coelho desaparecera.


Deslizou cuidadosamente pelo buraco, estranhamente decorado, e quando chegou ao fundo deu com um corredor com várias portas fechadas. Numa ponta do corredor, Alice viu uma pequena mesa onde estava pousada uma chave dourada. Alice pegou na chave e tentou abrir, uma a uma, todas as portas daquele corredor. Quando já estava prestes a desistir, reparou numa pequenina porta, a um canto do corredor. Ao colocar a chave na fechadura, a porta abriu facilmente e através dela Alice viu um lindo jardim!


Mas Alice era demasiado grande para passar por aquela pequena porta. Desapontada, fechou a porta e voltou a olhar à sua volta. Reparou que na mesa estava agora uma garrafa com um rótulo que dizia: ”Bebe-me”. Alice pegou na garrafa e bebeu. De repente começou a encolher, a encolher até ficar pequenina como um ratinho!


“Oh meu Deus!”, Disse a Alice, “Agora estou demasiado pequena para chegar à chave!…”. Enquanto tentava de alguma forma chegar ao topo da mesa, Alice bateu com o seu pé numa caixa de biscoitos que estava no chão. Nela estava escrita “come-me” e, sem pensar, Alice tirou um biscoito da caixa e comeu-o. Então começou a crescer, a crescer até ficar tão grande que a sua linda cabeça bateu rapidamente no teto!


“Agora tenho a chave”, choramingou, “mas estou outra vez demasiado grande para passar pela porta”. Sem pensar calçou uma luva que acabara de encontrar no chão e, inesperadamente, encolheu para o tamanho certo, conseguindo passar pela porta até chegar ao jardim!


Assim que chegou ao jardim, viu o coelho branco, a passar muito apressado. Alice correu atrás dele e perguntou: “Onde vais tão apressado?” Ao que o coelho respondeu: “Não tenho tempo para conversas. A rainha de copas está à minha espera!”. E partiu, correndo, antes que Alice o pudesse seguir. 

De repente, Alice ouviu uma voz que dizia: “O chapeleiro louco e a lebre de março é que te podem dizer… mas os dois são malucos!”.


Alice olhou à sua volta e só passado um instante é que viu aparecer primeiro um sorriso, a seguir uma cabeça e só depois um gato inteiro. Este disse sorrindo: “Eu sou o gato de Cheshire”.


A partir das informações que o gato deu a Alice, esta entrou na floresta, à procura da lebre de março e do chapeleiro louco. Ao encontrá-los, o chapeleiro louco e a lebre de março convidaram Alice a tomar um chá. Eles informaram Alice que tomavam chá todos os dias juntos por ordem da rainha de copas!


Alice decidiu então descobrir quem era a rainha de copas de quem toda a gente falava e temia.


Durante o caminho, Alice encontrou algumas cartas de jogar que pintavam rosas brancas de vermelho. Alice perguntou: “O que é que estão a fazer?!”. E as cartas de jogar que afinal eram jardineiros, responderam: “A rainha de copas detesta branco!”. Antes que Alice pudesse perguntar mais alguma coisa ouviu o que parecia ser o barulho de uma grande festa a chegar…


Era a rainha de copas com todos os seus criados! Ao ver Alice, a rainha ordenou furiosa: “tirem-lhe a cabeça imediatamente!”. Mas o rei murmurou: “Minha querida, talvez ela saiba jogar croquet…”. Então a rainha pensou por uns segundos e depois gritou: “Deem-lhe uma bola e um taco e vamos ver do que ela é capaz!”.


Alice pegou no taco e na bola mas viu logo que este não ia ser um jogo fácil de jogar. Os tacos eram flamingos cor-de-rosa que tentavam fugir e as bolas eram ouriços-cacheiros que, por não quererem ser batidos, não paravam quietos!
A rainha ao ver que Alice não conseguia jogar, ficou vermelha de raiva e gritou: “A menina não sabe jogar! Tirem-lhe a cabeça de uma vez!”.


Alice muito aflita falou: “Majestade, a culpa não é minha. Os ouriços-cacheiros estão sempre a fugir e os flamingos sempre a voarem!”. Mas antes que Alice pudesse dizer mais alguma palavra, já se encontrava num tribunal rodeada do rei e da rainha de copas, juntamente com todos os habitantes do reino.



Alice levantou-se para se defender mas de repente começou a crescer e a crescer, e tudo começou a girar à sua volta, tornando-se numa enorme confusão.


Alice abriu os olhos e viu, surpreendida, que estava novamente no jardim ao lado da sua irmã, e que esta lhe oferecia uma chávena de chá…


Alice pensou – Teria sido tudo um sonho?



sexta-feira, 2 de junho de 2017

Contos De Fada

O Rei Sapo ou Henrique de Ferro




Em muitos tempos remotos, quando ainda os desejos podiam ser realizados, houve um Rei cujas filhas eram muito bonitas. A caçula, sobretudo, era tão linda que até o sol, que já vira tantas e tantas coisas, extasiava-se quando projetava os raios naquele semblante encantador.


Perto do castelo do Rei, havia uma floresta sombreada e, na floresta, uma frondosa tília, à sombra da qual existia uma fonte de águas cristalinas. Nos dias em que o calor se fazia sentir mais intenso, a princesinha refugiava-se nesse recanto e, sentada à margem da fonte, distraía-se brincando com uma bola de ouro, que atirava ao ar e apanhava agilmente entre as mãos; era o seu jogo predileto.


Certo dia, porém, quando assim se divertia, a bola fugiu-lhes das mãos, rolando para dentro da água. A princesa, desapontada, seguiu-lhe a evolução, mas a bola sumiu na água da fonte, que era tão profunda que não se lhe via o fundo. Desatou, então, a chorar inconsolavelmente . E, eis que, em meio dos lamentos, ouviu uma voz perguntar-lhe:

- Que tens, linda princesinha? Qual a razão desse pranto desolado, que comove até as pedras?
Ela olhou para todos os lados a fim de descobrir de onde provinha essa voz e deparou com um sapo, que estendia para fora da água a disforme cabeça.

- Ah! És tu, velho patinhador? - disse a princesa. - Estou chorando porque perdi minha bola de ouro, que desapareceu dentro da água.

- Ora, não chores mais! - volveu o sapo. - Vou ajudar-te a recuperá-la. Mas que me darás em troca, se eu trouxer tua bola?

- Tudo o que quiseres, bondoso sapo. Eu te darei meus vestidos, minhas pérolas e minhas joias preciosas: até mesmo a coroa de ouro que tenho na cabeça, - respondeu alvoroçada a princesa.

- Nada disso eu quero; nem teus vestidos, nem tuas joias, nem tampouco tua coroa de ouro. Outra coisa quero de ti. Quero que me queiras bem, que me permitas ser teu amigo e companheiro de folguedos. Quero que me deixes sentar contigo à mesa e comer no teu pratinho de ouro e beber no teu copinho. À noite me deitarás junto de ti, na tua caminha. Se me prometeres isto tudo. descerei ao fundo da fonte e trar-te-ei a bola de ouro, - propôs o sapo.

- Oh! sim, sim! - retorquia ela; - prometo tudo o que quiseres, contando que me tragas a bola.
Pensava, porém, de si para si: "O que e que está pretendendo este sapo tolo, que vive na agua coaxando

com os seus iguais? Jamais poderá ser o companheiro de uma criatura humana!"
Confiando, pois, na promessa que lhe fora feita, o sapo mergulhou, reaparecendo, daí a pouco, com a bola de ouro, que atirou delicadamente ao gramado. A princesinha, radiante de alegria por ter recuperado o lindo brinquedo, agarrou-o e deitou a correr para casa.

- Espera! Espera! - gritava o pobre sapo; - leva- me contigo, pois não posso correr como tu!
De nada lhe valia, porém, gritar com todas as forças dos pulmões o aflito "quac, quac, quac"; a filha do Rei não lhe deu a menor atenção, correu para o palácio, onde não tardou a esquecer o pobre bichinho e a promessa que lhe fizera no momento de apuro.

No dia seguinte, quando se achava tranquilamente à mesa com o Rei e toda a corte, justamente quando comia no seu pratinho do ouro, ouviu: - "plisch, plasch, plisch, plasch," algo subindo a vasta escadaria de mar more, avançando até chegar diante da porta. Ali bateu, gritando:
- Filha do Rei, caçula, abre a porta!

Ela correu a ver quem assim a chamava. Mas, ao abrir a porta, viu à sua frente o pobre sapo. Fechou-a, rapidamente, e voltou a sentar-se à mesa, com o coração aos pulos. O Rei, que a observara, percebeu o palpitar de seu coração. Perguntou:

- Que tens, minha filhinha? Há, por acaso, algum gigante aí fora querendo levar-te?
Oh! não. Não é nenhum gigante, apenas um sapo horrível, - respondeu, ainda pálida, a princesa.
- E o que deseja de ti?

Meio constrangida ela contou o que se passara:

- Meu paizinho querido, ontem, quando brincava com a bola de ouro junto à fonte, lá na floresta, ela caiu-me das mãos e rolou para dentro da fonte. Desatei a chorar e a lastimar-me, quando, de repente, vi surgir esse sapo feio que se ofereceu para auxiliar-me. Exigiu, porém, minha promessa de gostar dele, tomá-lo como amigo e companheiro de folguedos; eu, ansiosa por reaver a bola, prometi tudo o que me pediu, certa de que ele jamais conseguisse viver fora da água. Ei-lo aí, agora, querendo entrar e ficar a meu lado!

Entrementes, ouviu-se bater, novamente, à porta e a voz insistir:

- Filha do Rei, caçula,

abre-me a poria.

Não esqueças a promessa

que me fizeste tão depressa

junto à fonte da floresta.

Filha do Rei, caçula,

abre-me a porta!...

O Rei disse, então, à filha:

- Aquilo que prometeste deves cumprir. Vai, pois, abre a porta e deixa-o entrar.

A princesa não teve remédio senão obedecer. Quando abriu a porta, o sapo pulou rapidamente para dentro da sala e, juntinho dela, foi saltitando até sua cadeira. Uma vez aí, pediu:

- Ergue-me, coloca-me à tua altura.

A princesa relutava contrariada, mas o Rei ordenou que obedecesse.

Assim que se viu sobre a cadeira, o sapo pediu para subir na mesa, dizendo:

- Aproxima de mim teu pratinho de ouro para que possamos comer juntos.

Muito a contragosto a princesinha acedeu; mas, enquanto o sapo se deliciava com as finas iguarias, ela não conseguia engulir os bocados que lhe ficavam atravessados na garganta. Por fim, ele disse:

- Comi muito bem, estou satisfeitíssimo. Sinto-me, porém, muito cansado, leva-me para teu quarto, prepara tua caminha de seda e deitemo-nos, sim?

Ante essa nova exigência, a princesa não se conteve e desatou a chorar. Sentia horror em tocar aquela pele gélida e asquerosa do sapo e, mais ainda, ter de dormir com êle em sua linda caminha alva, de lençóis de seda. O Rei, porém, zangando-se, repreendeu-a:

- Não podes desprezar quem te valeu no momento de aflição.

Não vendo outra alternativa, a princesinha armou-se de coragem, agarrou com a ponta dos dedos o sapo repelente, carregou-o para o quarto, onde o atirou para um canto, decidida a ignorá-lo 
definitivamente. Pouco depois, quando já deitada, dispunha-se a dormir, viu-o aproximar-se saltitando: 

- Estou cansado, quero dormir confortavelmente como tu. Ergue-me, deixa-me dormir junto de ti, se não chamarei teu pai.

A princesinha, então, cheia de cólera, agarrou-o e, com toda a força, atirou-o de encontro à parede.

- Agora te calarás, sapo imundo, e me deixarás finalmente em paz!

Mas, oh! Que via? Ao estatelar-se no chão, o sapo imundo, que, por vontade do pai era seu amigo e companheiro, transformou-se, assumindo as formas de um belo príncipe de olhos meigos e carinhosos. Contou-lhe ele, então, como havia sido encantado por uma bruxa má e que ninguém, senão ela, a princesinha, tinha o poder de desencantá-lo.

Combinaram, ainda, que, no dia seguinte, partiriam para seu reino.

Em seguida, adormeceram. Quando a aurora despontou e o sol os despertou, chegou uma belíssima carruagem atrelada com oito esplêndidos corcéis alvos como a neve, de cabeças empenachadas com plumas de avestruz e ajaezados de ouro. Vinha, atrás, o fiel Henrique, escudeiro do jovem Rei.

O fiel Henrique ficara tão aflito quando seu amo fora transformado em sapo, que mandara colocar três aros de ouro em volta do próprio coração, para que este não arrebentasse de dor. Agora, porém, a carruagem ia levar o jovem Rei de volta ao reino. O fiel Henrique fê-lo subir com a jovem esposa e sentou-se atrás, cheio de alegria por ver o amo enfim liberto e feliz.

Quando haviam percorrido bom trecho de caminho, o príncipe ouviu um estalo, como se algo na carruagem se tivesse partido. Voltou-se e gritou:

- Henrique, a carruagem está quebrando!

- Não, meu Senhor, a carruagem não;
é apenas um aro do meu coração.

- Ele estava imerso na aflição,

quando, em sapo transformado,

estáveis na fonte, abandonado.


Duas vezes ainda, ouviu-se o estalo durante a viagem e, de cada vez, o príncipe julgou que se quebrava a carruagem. Mas Henrique tranquilizou-o explicando que apenas os aros se haviam quebrado, saltando-lhe do coração, pois que, agora, seu amo e Senhor estava livre e feliz.